Ilustração Tailândia é pobre? O que os números mostram e por que esse termo é ultrapassado

Publicado em 07/08/25 14:08 por Poli Przybyszewski

Tailândia é pobre? O que os números mostram e por que esse termo é ultrapassado

Conversando com brasileiros que visitam a Tailândia pela primeira vez, uma pergunta aparece com variações sutis, às vezes carregada de julgamento é: “A Tailândia é pobre? ou “Mas é seguro andar por lá?”. Hoje, vou responder com números, contexto e vivência, porque rotular a Tailândia como “país pobre”, sobretudo de forma pejorativa, é ignorar tudo que existe fora da planilha: cultura, comportamento, espiritualidade e maneiras diferentes de viver bem.

O que define se um país é “pobre”?

De acordo com a ONU, o termo correto para o que muitas pessoas chamam genericamente de “país pobre” é “país menos desenvolvido” ou “país subdesenvolvido”. Essa classificação não é baseada em achismo nem em percepção turística, ela segue critérios objetivos, definidos por indicadores internacionais. São três os principais:

  • Baixa renda per capita (PIB ajustado pela paridade do poder de compra – PPC);

  • Fracasso em indicadores sociais, como saúde, nutrição, educação e alfabetização;

  • Alta vulnerabilidade econômica, medida pela instabilidade da produção, exportações frágeis e riscos sociais ou ambientais.

A lista de países considerados menos desenvolvidos é atualizada com base em dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e outras fontes oficiais.

Um dado importante que também ajuda a responder esta pergunta é o chamado PIB per capita ajustado pela Paridade do Poder de Compra (PPC), um indicador que corrige a renda média de um país levando em conta o custo real das coisas. Em termos simples, ele mostra quanto a população consegue consumir com o que ganha, considerando os preços locais. Segundo os dados mais recentes, a Tailândia tem um PIB per capita (PPC) de cerca de US$ 23.401, o que a posiciona na 74ª colocação mundial. Isso ajuda a explicar por que o salário médio aqui cobre bem os custos do dia a dia. E só pra dar contexto, o Brasil aparece algumas posições abaixo no mesmo ranking, com um PPC per capita de cerca de US$ 20.809.

A Tailândia é considerada uma nação em desenvolvimento, mas essa é uma categoria ampla que também inclui o Brasil, o México e até a China. A questão é: o que isso significa na prática?

Como é viver na Tailândia?

Moro na Tailândia há dois anos e vou usar como exemplo a cidade onde estou: Chiang Mai. Segunda maior cidade do país, com universidades, centros médicos de excelência, muitos cafés, templos e vida local pulsante. Aqui, um trabalhador de serviços ganha entre 13.000 e 15.000 baht por mês (aproximadamente R$ 2.210 a R$ 2.550). Parece pouco? Então veja o custo:

  • Aluguel de uma kitnet com banheiro (como as que temos no Brasil): 2.500 a 4.000 baht (R$ 425 a R$ 680)

  • Luz (com uso moderado de ar-condicionado): 300 a 500 baht (R$ 51 a R$ 85)

  • Água: 100 a 150 baht (R$ 17 a R$ 25,50)

  • Refeição completa na rua: a partir de 45 baht (R$ 7,65) (isso inclui arroz, carne e salada fresca)

Ou seja, um salário mínimo aqui cobre com folga os custos essenciais para uma vida simples e digna. É por isso que o tailandês médio não pula refeição, tem momentos frequentes de lazer e raramente passa por insegurança alimentar. O poder de compra aqui é maior que no Brasil (quem afirma isso é o PPC que vimos logo acima).

Em Bangkok, como em qualquer grande metrópole, há desigualdade, sim. Você pode ver tailandeses vivendo em situações precárias, especialmente migrantes ou pessoas sem vínculo familiar. Mas aí entra algo muito particular da cultura tailandesa: os templos oferecem refeições gratuitas todos os dias. Muitos recebem pessoas temporariamente, doam roupas e produtos de higiene. O budismo aqui é mais do que fé: é infraestrutura social.

Tailândia é pobre? O que os números mostram e por que esse termo é ultrapassado

Um país menos desenvolvido pode ser seguro? 

Essa é uma parte que todo brasileiro nota já no primeiro dia de viagem. A Tailândia está entre os 100 países mais pacíficos do mundo, ocupando a 76ª posição no Global Peace Index 2025. Os Estados Unidos classificam o país no nível 1 de segurança para turistas, o mesmo patamar de lugares como Canadá e Japão.

Assaltos armados praticamente não existem. Os crimes mais comuns são pequenos furtos em áreas turísticas e, mesmo assim, são muito mais raros que no Brasil. Para você ter uma ideia, o índice de criminalidade violenta na Tailândia é inferior ao da maioria das cidades brasileiras, segundo o Numbeo 2025.

E tudo isso se sente no cotidiano: portas destrancadas, carros com chave na ignição em estacionamento, celulares esquecidos em cafés e devolvidos, troco corrigido mesmo quando o turista nem percebeu o erro.

Num episódio recente na cidade de Nakhon Ratchasima, no Mount Wind Tree Café, um turista pagou acidentalmente 22.150 baht (cerca de R$ 3.765) por duas xícaras de café, quando a conta era de apenas 221,50 baht (cerca de R$ 38). E numa atitude que não surpreende nenhum tailandês, a proprietária do café identificou o erro, publicou um aviso nas redes sociais pedindo que o cliente retornasse e fez a devolução integral via banco no dia seguinte, após conseguir contato pelo Facebook, resultado de uma verdadeira mobilização da cidade para encontrá-lo e avisá-lo.

cafe tailandes devolve R$ 3000 reais pagos a mais em um cafe por um cliente. Tailândia é pobre? O que os números mostram e por que esse termo é ultrapassado

Essa reação rápida e transparente mostra o tipo de respeito e honestidade que faz parte da cultura local, e que os brasileiros percebem logo nos primeiros dias de viagem.

Conclusão: Tailândia é pobre?

É um país em desenvolvimento. Mas se você ainda associa isso à miséria, violência ou caos urbano, está desatualizado. O termo “país pobre” é vago, ultrapassado e etnocêntrico. Ele não dá conta da complexidade do que é viver bem, ter acesso a comida de qualidade, segurança, serviços de saúde e uma comunidade funcional.

Turistas brasileiros costumam se surpreender ao perceber que se sentem mais seguros aqui do que em seus próprios bairros. Muitos voltam dizendo que é a primeira vez que caminharam à noite sem medo, usam seu celular na rua, ou que relaxaram de verdade ao deixar os filhos brincando em locais públicos.

Então, se você ainda está com um pé atrás, fica aqui meu convite: venha ver com seus próprios olhos. Prometo que a Tailândia vai te receber de portas abertas, sorriso no rosto, afinal, você estará na terra do sorriso.

Com carinho daqui da Tailândia,
Poli Przybyszewski
Redatora na Experiência Tailândia

Publicado em 07/08/25 14:08 por Poli Przybyszewski

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